sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- IV


PSICANÁLISE
O movimento psicanalítico que Sigmund Freud desenvolveu está intimamente ligado com sua própria vida e é em larga medida, autobiográfica. Em conseqüência, conhecer a história de sua vida é fundamental para a compreensão de seu sistema. Por psicanálise entende-se tanto a descrição da mente, da psique humana em geral, quanto um método de tratamento para distúrbios nervosos e psíquicos. Freud sempre achava que havia uma tensão entre o homem e seu meio, para ele nem sempre é a razão que governa as ações humanas. Conseqüentemente, o homem não é apenas o ser racional tão defendido pelos racionalistas do século XVIII. Com freqüência, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações. Tais impulsos irracionais são capazes de trazer a luz instintos e necessidades que estão profundamente enraizados dentro de nos.
Sigmund Freud foi um medico judeu vienense que modificou de forma bruta o de pesar da psicologia ele foi para a psicologia o que foi Karl Marx para o pensamento histórico econômico, e sociológico. Freud enfrentou as regiões obscuras do psiquismo, fazendo dos sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem seu objeto de pesquisa. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da psicanálise. O método de investigação da psicanálise busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginarias como sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. A análise busca a cura pelo autoconhecimento.
Podemos afirmar que a psicanálise nasceu com a amizade entre o Freud e o doutor Josef Breuer, onde foram travadas longas discussões do inconsciente humano, isso após a consulta de Breuer com uma enigmática paciente chamada Anna O. Durante o tratamento Breuer atendeu Anna diariamente por mais de um ano. Em suas consultas, Anna contava os acidentes perturbadores do dia, e depois disso, com freqüência se sentia aliviada dos sintomas. À medida que o tratamento continuava, Breuer percebeu e contou a Freud que os incidentes recordados por Anna sob hipnose envolviam algum pensamento ou evento que ela considerava repulsivo. Revivendo a experiência perturbadora sob hipnose, ela tinha os sintomas reduzidos considerado por muitos o marco do inicio formal da psicanálise. O livro continha um conjunto já publicado; cinco históricos de caso, incluindo o de Anna O. ; um artigo teórico de Breuer, um artigo sobre psicoterapia escrita por Freud. Embora tenha recebido algumas críticas negativas, a obra foi elogiada em revistas cientificas de toda a Europa e considerada uma valiosa contribuição ao campo. Foi um começo definido, embora modesto, do reconhecimento que Freud desejava. Breuer, no entanto, relutava em publicar o livro. Eles discutiam sobre a idéia de Freud de que o sexo era a única causa da neurose. Breuer aceitava a importância dos fatores sexuais, mas não estava convencido de que fosse a única causa. Ele sugeriu que Freud não tinha provas suficientes em que basear a sua conclusão. A decisão de publicar o livro mesmo assim levou a um estremecimento de sua amizade.
A descoberta do inconsciente foi o principio da psicanálise, Freud se perguntavam qual poderia ser a causa de os pacientes tantos fatos de sua vida interior e exterior. Para Freud o caminho real que leva ao inconsciente passa pelos sonhos. Por essa razão uma de suas mais importantes obras é a Interpretação Dos Sonhos, publicado em 1900. Nele Freud mostra que nossos sonhos não são meros acasos. Por meio dos sonhos, nossos pensamentos inconscientes tentam se comunicar com nosso consciente. Após longos anos de experiência acumulados no trabalho com seus pacientes, e também após de ter analisado os próprios sonhos, Freud afirmou que todos os sonhos são realizações de desejos latentes. Ele dizia podemos observar isso nas crianças: elas sonham com sorvetes e cerejas, por exemplo. Assim, segundo Freud, o eu onírico pode ser influenciado pelo eu empírico. Nos trabalhos de Freud podemos entrar conceitos como inconsciente, pré-consciente e consciente.
Outra grande contribuição de Freud foi sobre a descoberta da existência da sexualidade infantil, “em suas investigações na pratica clinica sobre a causa e o funcionamento da neurose, descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referia-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. Portanto tais dados colocavam a sexualidade no centro da vida psíquica. Para Freud a sexualidade existe desde o nascimento, esse desenvolvimento e longo a libido é a energia dos instintos sexuais."
Nos primeiros anos de vida as funções sexuais estão ligadas à sobrevivência, assim o prazer está ligado ao próprio corpo pelo menos nos primeiros anos de vida. Freud então desenvolve teorias para melhor explicar esse desenvolvimento na sexualidade infantil. Ele então postula as fases do desenvolvimento sexual: fase oral, onde a boca é a zona de erotização; a fase anal, na zona de erotização é o ânus; na faze fálica a zona de erotização é o órgão genital. Após esse período entra a faze em que Freud denomina de latência, que é o momento em que diminui o desenvolvimento das atividades sexuais e por fim a fase genital, onde o objeto de erotização não esta no próprio corpo e sim em um objeto externo ao indivíduo. No decorrer do processo da faze do desenvolvimento sexual ocorrem vários processos peculiares da própria sexualidade, o que mais nos chama a atenção é o complexo de Édipo. Que é o interesse da criança pela total atenção materna, sendo a figura do pai representada como rival e ao mesmo tempo como modelo de comportamento.
Nesse estágio é de primordial importância compreender alguns conceitos criados por Freud como realidade psíquica que é a mistura do real e do imaginário do cotidiano de qualquer individuo; os três pontos de vista do funcionamento psíquico que é o econômico, o tópico e o dinâmico; a pulsão que é o estado de tensão que busca através de um objeto a supressão deste estado; e o sintoma que é uma produção resultante de um conflito psíquico entre os desejos e o mecanismo de defesa.
Nos anos 20 Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de Id, ego e superego para se referir aos três sistemas de psicanálise. Freud chama de id este sistema de prazer que existe em nós, por exemplo, quando somos recém nascidos todo o nosso ser é apenas um id. Então ele continua conosco e nos acompanha a vida toda. Só que aos poucos vamos aprendendo a controlar nossos desejos a fim de nos adaptarmos a sociedade, assim, essa afinação do sistema de prazer é classificado por Freud de ego, que é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id. E a parti de certa idade não podemos ceder a todos os desejos, tendo que reprimir algum para o melhor convívio em sociedade. Mas pode acontecer de desejarmos alguma coisa que nosso meio não aceita. O que acontece que muitas vezes reprimimos nossos desejos.
O superego origina-se no complexo de Édipo, a partir das interiorizações das proibições, dos limites e da autoridade. Assim, ainda crianças, somos confrontados com os padrões morais de nossos pais e de nossos meios. As expectativas de nosso meio no plano da moral parecem ter se alojado dentro de nós e passado a constituir uma parte de nós mesmos. Freud chama este estagio de superego. Contudo para compreender cabalmente este estagio deve-se levar em consideração a introdução da idéia de sentimento de culpa, pois o individuo sente-se culpado de estar indo contra o seu mundo moral que já faz parte dele. Nesse contexto podemos afirmar que prazer e culpa acompanha o homem por toda a vida.
Freud argumenta que existem certos mecanismos de defesa que para evitar o desprazer da realidade fornece ao indivíduo um falseamento da realidade, deixando de registrar percepções externas. Na maioria das vezes são internas realizadas pelo inconsciente do indivíduo. O recalque é quando o individuo não ouve ou não vê um determinado acontecimento deformando desse modo uma parte da realidade. Formação reativa é quando o ego procura afastar o desejo que vai a determinada direção. A regressão é o retorno a um determinado acontecimento para causar um efeito maior em um acontecimento presente. Projeção é a confluência de distorção do mundo externo. Racionalização e onde o individuo cria uma argumentação intelectualmente convincente e aceitável, que justifica os estados deformados da consciência. Contudo existem outros mecanismos de defesa do ego que é a negação identificação, isolamento, anulação retroativa, inversão e retorno sobre si mesmo. Assim, todos nós os utilizamos em nossa vida cotidiana deformando a realidade para nos defender de perigos externos ou internos, reais ou imaginários.
Em suma, o que podemos concluir com a psicanálise é que Freud introduziu novamente a alma na ciência do conhecimento psicológico, atribuindo o mais subjetivo dos conhecimentos – o inconsciente- ao campo teórico. Embora Freud tenha rompido drasticamente com o conceito tradicional de psicologia, suas teorias ajudam imensamente a compreenssão do homem em seus diferentes ambientes. Podemos então frisar que depois de Freud nunca mais o sonho foi visto da mesma forma, e nem a psicologia foi vista como ciência ligada a insensibilidade. “Freud deu uma prova impressionante de como é fantástica a mente humana. Seu trabalho com pacientes convenceu-o de que tudo que vivemos, guardamos no fundo de nossa alma”. “E todas essas impressões podem ser trazidas a tona novamente”. Sendo as mesmas, moral, imoral ou amoral.

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