sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- IV


PSICANÁLISE
O movimento psicanalítico que Sigmund Freud desenvolveu está intimamente ligado com sua própria vida e é em larga medida, autobiográfica. Em conseqüência, conhecer a história de sua vida é fundamental para a compreensão de seu sistema. Por psicanálise entende-se tanto a descrição da mente, da psique humana em geral, quanto um método de tratamento para distúrbios nervosos e psíquicos. Freud sempre achava que havia uma tensão entre o homem e seu meio, para ele nem sempre é a razão que governa as ações humanas. Conseqüentemente, o homem não é apenas o ser racional tão defendido pelos racionalistas do século XVIII. Com freqüência, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações. Tais impulsos irracionais são capazes de trazer a luz instintos e necessidades que estão profundamente enraizados dentro de nos.
Sigmund Freud foi um medico judeu vienense que modificou de forma bruta o de pesar da psicologia ele foi para a psicologia o que foi Karl Marx para o pensamento histórico econômico, e sociológico. Freud enfrentou as regiões obscuras do psiquismo, fazendo dos sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem seu objeto de pesquisa. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da psicanálise. O método de investigação da psicanálise busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginarias como sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. A análise busca a cura pelo autoconhecimento.
Podemos afirmar que a psicanálise nasceu com a amizade entre o Freud e o doutor Josef Breuer, onde foram travadas longas discussões do inconsciente humano, isso após a consulta de Breuer com uma enigmática paciente chamada Anna O. Durante o tratamento Breuer atendeu Anna diariamente por mais de um ano. Em suas consultas, Anna contava os acidentes perturbadores do dia, e depois disso, com freqüência se sentia aliviada dos sintomas. À medida que o tratamento continuava, Breuer percebeu e contou a Freud que os incidentes recordados por Anna sob hipnose envolviam algum pensamento ou evento que ela considerava repulsivo. Revivendo a experiência perturbadora sob hipnose, ela tinha os sintomas reduzidos considerado por muitos o marco do inicio formal da psicanálise. O livro continha um conjunto já publicado; cinco históricos de caso, incluindo o de Anna O. ; um artigo teórico de Breuer, um artigo sobre psicoterapia escrita por Freud. Embora tenha recebido algumas críticas negativas, a obra foi elogiada em revistas cientificas de toda a Europa e considerada uma valiosa contribuição ao campo. Foi um começo definido, embora modesto, do reconhecimento que Freud desejava. Breuer, no entanto, relutava em publicar o livro. Eles discutiam sobre a idéia de Freud de que o sexo era a única causa da neurose. Breuer aceitava a importância dos fatores sexuais, mas não estava convencido de que fosse a única causa. Ele sugeriu que Freud não tinha provas suficientes em que basear a sua conclusão. A decisão de publicar o livro mesmo assim levou a um estremecimento de sua amizade.
A descoberta do inconsciente foi o principio da psicanálise, Freud se perguntavam qual poderia ser a causa de os pacientes tantos fatos de sua vida interior e exterior. Para Freud o caminho real que leva ao inconsciente passa pelos sonhos. Por essa razão uma de suas mais importantes obras é a Interpretação Dos Sonhos, publicado em 1900. Nele Freud mostra que nossos sonhos não são meros acasos. Por meio dos sonhos, nossos pensamentos inconscientes tentam se comunicar com nosso consciente. Após longos anos de experiência acumulados no trabalho com seus pacientes, e também após de ter analisado os próprios sonhos, Freud afirmou que todos os sonhos são realizações de desejos latentes. Ele dizia podemos observar isso nas crianças: elas sonham com sorvetes e cerejas, por exemplo. Assim, segundo Freud, o eu onírico pode ser influenciado pelo eu empírico. Nos trabalhos de Freud podemos entrar conceitos como inconsciente, pré-consciente e consciente.
Outra grande contribuição de Freud foi sobre a descoberta da existência da sexualidade infantil, “em suas investigações na pratica clinica sobre a causa e o funcionamento da neurose, descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referia-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. Portanto tais dados colocavam a sexualidade no centro da vida psíquica. Para Freud a sexualidade existe desde o nascimento, esse desenvolvimento e longo a libido é a energia dos instintos sexuais."
Nos primeiros anos de vida as funções sexuais estão ligadas à sobrevivência, assim o prazer está ligado ao próprio corpo pelo menos nos primeiros anos de vida. Freud então desenvolve teorias para melhor explicar esse desenvolvimento na sexualidade infantil. Ele então postula as fases do desenvolvimento sexual: fase oral, onde a boca é a zona de erotização; a fase anal, na zona de erotização é o ânus; na faze fálica a zona de erotização é o órgão genital. Após esse período entra a faze em que Freud denomina de latência, que é o momento em que diminui o desenvolvimento das atividades sexuais e por fim a fase genital, onde o objeto de erotização não esta no próprio corpo e sim em um objeto externo ao indivíduo. No decorrer do processo da faze do desenvolvimento sexual ocorrem vários processos peculiares da própria sexualidade, o que mais nos chama a atenção é o complexo de Édipo. Que é o interesse da criança pela total atenção materna, sendo a figura do pai representada como rival e ao mesmo tempo como modelo de comportamento.
Nesse estágio é de primordial importância compreender alguns conceitos criados por Freud como realidade psíquica que é a mistura do real e do imaginário do cotidiano de qualquer individuo; os três pontos de vista do funcionamento psíquico que é o econômico, o tópico e o dinâmico; a pulsão que é o estado de tensão que busca através de um objeto a supressão deste estado; e o sintoma que é uma produção resultante de um conflito psíquico entre os desejos e o mecanismo de defesa.
Nos anos 20 Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de Id, ego e superego para se referir aos três sistemas de psicanálise. Freud chama de id este sistema de prazer que existe em nós, por exemplo, quando somos recém nascidos todo o nosso ser é apenas um id. Então ele continua conosco e nos acompanha a vida toda. Só que aos poucos vamos aprendendo a controlar nossos desejos a fim de nos adaptarmos a sociedade, assim, essa afinação do sistema de prazer é classificado por Freud de ego, que é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id. E a parti de certa idade não podemos ceder a todos os desejos, tendo que reprimir algum para o melhor convívio em sociedade. Mas pode acontecer de desejarmos alguma coisa que nosso meio não aceita. O que acontece que muitas vezes reprimimos nossos desejos.
O superego origina-se no complexo de Édipo, a partir das interiorizações das proibições, dos limites e da autoridade. Assim, ainda crianças, somos confrontados com os padrões morais de nossos pais e de nossos meios. As expectativas de nosso meio no plano da moral parecem ter se alojado dentro de nós e passado a constituir uma parte de nós mesmos. Freud chama este estagio de superego. Contudo para compreender cabalmente este estagio deve-se levar em consideração a introdução da idéia de sentimento de culpa, pois o individuo sente-se culpado de estar indo contra o seu mundo moral que já faz parte dele. Nesse contexto podemos afirmar que prazer e culpa acompanha o homem por toda a vida.
Freud argumenta que existem certos mecanismos de defesa que para evitar o desprazer da realidade fornece ao indivíduo um falseamento da realidade, deixando de registrar percepções externas. Na maioria das vezes são internas realizadas pelo inconsciente do indivíduo. O recalque é quando o individuo não ouve ou não vê um determinado acontecimento deformando desse modo uma parte da realidade. Formação reativa é quando o ego procura afastar o desejo que vai a determinada direção. A regressão é o retorno a um determinado acontecimento para causar um efeito maior em um acontecimento presente. Projeção é a confluência de distorção do mundo externo. Racionalização e onde o individuo cria uma argumentação intelectualmente convincente e aceitável, que justifica os estados deformados da consciência. Contudo existem outros mecanismos de defesa do ego que é a negação identificação, isolamento, anulação retroativa, inversão e retorno sobre si mesmo. Assim, todos nós os utilizamos em nossa vida cotidiana deformando a realidade para nos defender de perigos externos ou internos, reais ou imaginários.
Em suma, o que podemos concluir com a psicanálise é que Freud introduziu novamente a alma na ciência do conhecimento psicológico, atribuindo o mais subjetivo dos conhecimentos – o inconsciente- ao campo teórico. Embora Freud tenha rompido drasticamente com o conceito tradicional de psicologia, suas teorias ajudam imensamente a compreenssão do homem em seus diferentes ambientes. Podemos então frisar que depois de Freud nunca mais o sonho foi visto da mesma forma, e nem a psicologia foi vista como ciência ligada a insensibilidade. “Freud deu uma prova impressionante de como é fantástica a mente humana. Seu trabalho com pacientes convenceu-o de que tudo que vivemos, guardamos no fundo de nossa alma”. “E todas essas impressões podem ser trazidas a tona novamente”. Sendo as mesmas, moral, imoral ou amoral.

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- III


A GESTALT: A PSICOLOGIA DA FORMA
Segundo Nicola Abbagnano, em seu dicionário de filosofia, diz que a psicologia da forma ou o gestaltismo concentra seus ataques no terceiro princípio fundamental da psicofísica, o atomismo e o associacionismo. Consiste em assumir como ponto de partida o principio simetricamente oposto ao da psicologia associativa: o fato fundamental da consciência não é o elemento, mas a forma total, visto que esta nunca é redutível à soma ou a combinação de elementos. Seus fundadores foram Weltheimer, Köler e Koffka; mesmo mantendo inalterado o segundo princípio fundamental da psicofísica, deixou de falar em fatos e fenômenos de consciência para considerar formas, configurações ou campos, em sua estrutura total. O gestaltismo tratou principalmente da percepção, respeito da qual acumulou um número enorme de trabalhos experimentais.
Com teorias e metodologias consistentes, a Gestalt foi a corrente psicológica mais coesa da história da psicologia. Seus idealizadores iniciaram seus estudos pela percepção e sensações do movimento. Os gestaltistas preocupavam se em compreender os processos psicológicos da ilusão de ótica. O cinema é um bom exemplo.
A percepção é o ponto de partida para os gestaltistas, seus experimentos os levaram a questionar a teoria behaviorista de que a há relação de causa e efeito entre estímulo e resposta, porque para eles entre o estimulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o individuo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano.
Segundo os teóricos gestaltistas, podemos compreendes as partes de forma equivocada, podendo de essa forma corromper o todo. Por isso eles estabelecem uma relação da forma com a compreensão cabal da forma. Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca do fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõe uma figura. Para eles a tendência da nossa percepção em busca da boa forma permitirá a relação figura-fundo. Quando mais clara estiver à forma (boa forma), mais clara será a separação entre a figura e o fundo. Quando isso não ocorre, fica difícil compreender o real, como acontece na clássica figura da taça cujo fundo são dois perfiz, ou dois perfiz cujo fundo é uma taça.
O conjunto de estímulos determinantes do comportamento é denominado meio ou meio ambiental, sendo estes conhecidos em dois tipos distintos: o geográfico e o comportamental.
O meio geográfico é o meio físico em termos objetivos. O meio comportamental é o meio resultante da interação do individuo com o meio físico que interage com o sujeito. Ou seja, a percepção pode ser influenciada pelo ambiente e pela realidade subjetiva do eu. A força do campo psicológico que pode ser designado como a capacidade natural de associar similitudes pode influenciar nossa percepção. O campo psicológico pode ser definido como um tipo de campo de força que nos induz a procurar a boa forma.
Outro argumento da Gestalt é a dissociação da aprendizagem com o associacionismo, eles afirmam que na verdade há uma relação entre o todo e a parte. Como no caso de crianças mesmo antes de adquirir o conhecimento da leitura consegue distinguir a logomarca de alguma empresa, outro exemplo é que ao olhar para uma figura que não tenha sentido pra nós e, de repente, sem que tenhamos feito nenhum esforço especial pra isso, a relação figura-fundo elucida-se. A esse fenômeno a Gestalt da o nome de insight. O termo designa uma compreensão imediata, enquanto uma espécie de entendimento interno.
Kurt Lewin, foi um grande colaborador dos teóricos gestaltistas, trabalhou com eles durante dez anos e dessa colaboração com os pioneiros nasceu a sua teoria de campo, que embora tenha nascido em berço gestaltistas ele seguiu outro rumo, pois abandonou a idéia da psicofísica e buscou na física as bases metodológicas de sua pesquisa. Suas pesquisas enfatizavam o estudo do comportamento humano em seus contextos físicos e sociais total.
O principal conceito de Lewin é do espaço vital, que ele define como a totalidade dos fatos que determinam que o comportamento do individuo num certo momento. Alguns teóricos argumentam que o “campo psicológico não deve ser compreendido como uma realidade física, mas sim fenomênica. Não são apenas os fatos físicos que influenciam no comportamento. O campo deve ser representado tal como ele existe para o individuo em questão, num determinado momento, e não como ele em si. Para a constituição desse campo, as amizades, os objetivos conscientes e inconscientes, os sonhos e os medos são tão essenciais com qualquer ambiente físico”.
Embora as teorias de Lewin seja de padrão de comportamento Gestalt esses conceitos não se restringem apenas a percepção, mas também as características de personalidades do indivíduo. Logo depois, ele estabelece um contato entre o comportamento de grupo transportando a noção de campo psicológico para a psicologia de grupo criando o conceito de campo social. “outra característica do grupo é o clima social, onde uma liderança autocrática, democrática ou laissez-faire irá determinar o desenvolvimento do grupo.

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- II


BEHAVIORISMO
O Behaviorismo surgiu com o americano John B. Watson, em um artigo publicado em 1913 que apresenta o título: “Psycology as The Behaviorist Views It”. Em seu estilo claro e legível, Watson discutiu as seguintes idéias: a definição e o objetivo de uma nova psicologia; suas críticas as estruturalismo e ao funcionalismo , as antigas psicologias da consciência; o papel dos equipamentos hereditários e dos hábitos na capacitação dos organismos para se adaptar e se ajustar ao ambiente; a concepção de que as idéias da psicologia aplicada são verdadeiramente científicas porque buscam leis gerais que possam ser usadas para controlar o comportamento; e a importância de manter procedimentos experimentais uniformes, tanto na pesquisa humana como na pesquisa animal.
Os psicólogos que defendiam essa concepção teórica criaram termos como Resposta e Estímulo para se referirem aquilo que o organismo faz e as variáveis ambientais que interagem com o sujeito. O homem então começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomando como produto e produtor dessas interações.
Skiner que sucedeu Watson foi o mais ilustre behaviorista, formulou a concepção de comportamento operante. Para melhor entender esse comportamento devemos compreender o que é o comportamento respondente.
Partindo do principio que o comportamento respondente tem como base a involuntariedade dos estímulos sensoriais, como por exemplo, o reflexo, mas não é só isso que a teoria do comportamento respondente prega para seus idealizadores a uma interação entre sujeito e ambiente, onde o ambiente influencia nos estímulos naturais do ser humano, um bom exemplo seria a vontade de comer durante um determinado horário do dia mesmo que não se tenha fome; ou associação entre sons e imagens; perfume e momento histórico pessoal.
Já o comportamento operante ocorre sem nenhum estimulo esterno observável; a resposta do organismo é aparentemente espontânea- no sentido de não está relacionada com nenhum estímulo observável. Como diz Keller “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, tem efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta quer indiretamente”.
Skinner ao fazer experiências com ratos em laboratórios exemplificou quando fez com que o pequeno roedor tivesse um comportamento operante em momento de grande sede. Ele estimulou a necessidade fisiológica do rato propondo um comportamento respondente.
“Este comportamento operante, pode ser representado da seguinte maneira: R->S, em que R é a resposta do estimulo do comportamento e S é o estimulo forçado.
Outros conceitos do Behaviorismo são o Reforçamento, que é definido como toda a conseqüência que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência a esta resposta. Podendo o mesmo ser positivo ou negativo. Skinner ao se apoderar do próprio comportamento operante desenvolve a positividade ou a negatividade, quando ele é recompensado ou punido por causa do estimulo destes comportamentos. Pode-se ter outro exemplo de comportamento é a extinção que “é o procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. A punição também é outro procedimento importante do comportamento que envolve a conseqüência inesperada de uma resposta. Eles também formularam a noção de controle de estímulos que é quando estamos condicionados ao ambiente e seguimos regras quase imperceptíveis e feitas naturalmente, um bom exemplo é quando um motorista acelera ou freia um carro de acordo com o sinal de transito. “diz-se também que se desenvolveu uma discriminação de estímulos quando uma resposta se mantém na presença de um estímulo, mas sofre um certo grau de extinção na presença do outro, por exemplo, os diversos tipos de comportamento em diferentes ambientes festivos”. Na generalização de estímulos um estímulos adquire controle sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um estímulo similar, mas diferente.
Hoje os conceitos formulados pelos behavioristas são basicamente aplicados na educação, embora seja utilizada em muitas outras áreas, servindo também como um processo de auto-ajuda, ensinando-nos a nos compreender e modificar comportamento.

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA - I




A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA- UMA BREVE VISÃO DO DESCOBRIMENTO DO HOMEM

Podemos classificar nesse momento a historia da psicologia como: uma breve visão do homem, pois embora a religião como o budismo, judaísmo e cristianismo tenham se voltado para o interior do homem para explicar suas ações, a historia da psicologia está mais voltada para o conhecimento empírico da filosofia.
Mesmo que os autores tenham falado de forma bem resumida da historia da psicologia, eles abordaram os principais marcos da história. Esquecendo dos pré-socráticos vão direto a Sócrates e Platão, desenvolvendo o conceito de alma, embora não deixem bem clara a complexa visão de alma platônica. Para Platão, a cabeça era o lugar da alma e a medula ligava a alma ao restante do corpo. Seguindo os passos de Platão, surge Aristóteles que muito contribuiu para a psicologia, segundo ele a psyque seria a origem da vida e ele defendia a dissociação do corpo com a alma, e para ele tudo aquilo que cresce e reproduz possui alma. Ele chegou a estudar as diferenças entre a razão a percepção e as sensações (Da anima). Sendo este considerado o primeiro tratado de psicologia. Assim, os autores argumentam que as teorias platônicas e aristotélicas são as mais importantes, embora alguns pré-socráticos tenham formulado importantíssimas teorias no campo da psicologia como, por exemplo, Parmênides, Heráclito e Hipócrates, sendo este último criador da teoria dos temperamentos.
Após o esfriamento das idéias filosóficas da antiga Grécia, historicamente entra em sena o Império Romano que domina praticamente todo o mundo conhecido naquele contexto. Com o advento do cristianismo o Império Romano incorpora-se a religião não podendo identificar onde começa a religião e onde termina o “Estado”. Nesse momento importantíssimo para a história surgem dois grandes pensadores que apesar da grande distância temporal bebem nas fontes mágicas do pensamento grego. São dois filósofos religiosos ou dois religiosos filósofos, Santo Agostinho (354-430) que retira de Platão a essência de sua filosofia defendendo a separação entre o corpo e a alma e também pregava a imortalidade da alma, que segundo ele era um fragmento do próprio Deus. E São Tomás de Aquino que buscava em Aristóteles as explicações para a compreensão da essência e existência, buscando argumentos racionais para justificar os dogmas da igreja garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo.
Passam-se alguns séculos e entre em sena o antropocentrismo em detrimento do teocentrismo, e o Renascimento toma conta do pensamento filosófico, acontece então as grandes transformações que marcaram a transição da idade média para a moderna como a Reforma protestante, as grandes navegações e o surgimento do homem do renascimento, que não era nem medieval nem moderno, muito menos um misto dos dois, era o real homem do renascimento.
Com as transformações no campo da economia, física, matemática, política, arquitetura e outros, surgem grandes pensadores como René Descartes (1596-1659), ele postula a separação entre mente (alma e espírito) e o corpo. Desenvolvendo mais profundamente suas teorias. Ele abre caminho para a anatomia e fisiologia, contribuindo para o progresso da psicologia.
Não podemos esquecer, sobretudo, da contribuição de Kant na teoria dos temperamentos, pois tendo retomado os escritos de Hipócrates, divulgou as suas antigas teses. Tendo provavelmente influenciado o próprio Dr. Wunot, pois ele também aceitava a teoria dos quatro temperamentos, o que provavelmente levou ao estabelecimento da psicologia biotipológica.
Novamente após inúmeras passagens temporais, entra em destaque a transição e mutação econômica do sistema feudal para o surgimento e crescimento do capitalismo, onde o século19 se mostra como um segundo renascimento em plena contemporaneidade e ressurge idéias originais para tentar explicar o nascimento de uma nova sociedade capitalista.
Com o capitalismo surge a industrialização e com ela as máquinas que transforma o tempo e o espaço em um ambiente mecanizado, o mundo se torna um relógio e uma máquina. Então o pensamento pragmático positivista atingiu também a ciência, onde a psicologia torna-se amante da fisiologia, neuroanatomia e neurofisiologia.
“Em 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais”... “a neurologia descobre que nem sempre a atividade motora nem sempre está ligada a consciência, como por exemplo, o reflexo”... “física e psicologia se juntam para compreender a percepção de cores”.
Podemos então definir o berço da psicologia moderna como sendo a Alemanha do final do século 19, onde a melhor contribuição foi a de Wilhelm Wunat. Para a psicologia “seu status de ciência é obtida a partir que se libertava da filosofia, atraindo novos estudiosos e pesquisadores, que sobre novos padrões compreendem melhor a psicologia.” “Embora o berço da psicologia seja a Alemanha, é nos EUA que ele se desenvolve, onde surgem as primeiras escolas teóricas. Essas escolas são o funcionalismo de William James (1846-1910); o estruturalismo de Edward Titchner; e o associacionismo de Edward L. Thorndike (1874-1949).
De forma geral o Funcionalismo foi à primeira sistematização americana genuína em psicologia, surgindo uma preocupação com a consciência. O Estruturalismo preocupa-se também com a consciência, mas irá estudar os seus aspectos associados à estrutura do sistema nervoso central. O Associacionismo formulou a primeira teoria de aprendizagem. O termo deriva-se da concepção que a aprendizagem se dá por meio de associação das idéias mais simples para as mais complexas, foi criada também a lei de efeito.
No século 20 surgem as três mais importantes tendências teóricas psicológicas: Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise.

PSICOLOGIA



Segundo os autores do livro Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia, para melhor compreender a psicologia, deve-se ter conhecimento dos diferentes tipos de conhecimentos; o senso comum, o filosófico, religioso e científico. A partir daí deve-se diferenciar os diversos tipos de conhecimento para identificar o científico como conhecimento básico da psicologia.
Assim, os autores argumentam que a ciência compõe-se “de um conjunto de conhecimento sobre fatos ou aspectos da realidade expressa por meio de uma linguagem precisa ou/e rigorosa”. Mas a ciência não é a verdade absoluta, as suas teorias podem ser revistas e refeitas, ela “deve ser passiveis de verificações e isentas de emoções”.
Ao explorar o conhecimento científico os autores abordam a noção de psicologia científica, deixando de lado os outros tipos de conhecimento, e revendo os inúmeros psicólogos do senso comum.
Com o advento da psicologia científica é importante determinar o seu objeto de estudo, abordando a diversidade do campo psicológico, onde é abordada varias definições para a delimitação do seu real objeto de pesquisa. Prosseguindo ele afirma que a psicologia é uma jovem ciência (assim como a história), por isso há uma dificuldade em apresentar uma cabal corrente de pesquisas teóricas e metodológicas, alem da confusão entre o pesquisador e objeto de pesquisa, o distanciamento nesse caso fica mais difícil.
Pulando um pouco o contexto histórico abordado pelos autores, a psicologia só foi considerada ciência após o século 19, antes disso a psicologia era uma ramificação da filosofia, sendo grandes nomes da filosofia precursores da psicologia.
Os autores também apresentam uma diversidade baseada no homem. Sendo a psicologia um conceito polissêmico, deve-se então compreender o homem para qualificar o seu objeto de pesquisa, e a partir daí delimitar o campo escolhido. Os autores apresentam no presente livro a psicologia como uma das mais influentes ciências da área de humanas, mas, deve-se “questionar a caracterização da psicologia, como ciência e a postular que no momento não existe uma psicologia, mas ciências psicológicas embrionárias e em desenvolvimento”, devido as grandes e diversas áreas da psicologia. Prosseguindo, os autores apresentam a subjetividade como objeto de pesquisa da psicologia, haja vista que nos deparamos “com diversos enfoques que trazem definições específicas desse objeto, pois cada um dos ramos das ciências psicológicas aborda o homem de forma peculiar”. Assim, o homem é a matéria prima do conhecimento das ciências psicológicas, sejam elas as visíveis, as invisíveis, as singulares ou as genéricas; o homem-corpo, o homem-pensamento; homem-ação e tudo mais que resuma a subjetividade do homem. Assim, os autores apresentam a subjetividade como característica do indivíduo, ou seja, o crescimento cognitivo de cada um. (Idéias, significados e emoções).
“Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos poucos, apropriando do material do mundo social e cultural... criando e transformado o mundo esterno... o homem constrói e transforma a si próprio.”
Os autores argumentam que o homem faz parte dessa transformação, pois vive em um mundo objetivo com seres subjetivos, fazendo parte das ciências humanas. A psicologia tem diversas formas de abordar o seu objeto de pesquisa. No final do capítulo os autores alertam para a diferenciação entre psicologia e misticismos. Como tarô, quiromancia e astrologia, contudo o psicólogo do senso comum é figura presente no imaginário coletivo e a compreensão do outro e vista equivocadamente como a real psicologia.

EDUCAÇÃO

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO


De forma geral, a psicologia da educação funciona como a compreensão da realidade social e cultural da criança, associando a escola à família e a família a sociedade. Onde a partir da orientação de um tutor os caminhos e descaminhos serão mostrados, contudo o desenvolvimento pessoal será um fato inseparável da socialização. Com isso, a associação de vários micros sistemas forma uma unidade de aprendizagem, que embora complexo, assume um papel peculiar na aprendizagem. A própria reestruturação no modelo familiar, como por exemplo, as monoparentais, como representação natural familiar no ambiente contemporâneo, simultaneamente com as outras formas de micro sistemas tecnológicas que revolucionam a educação.

A família também é de extrema importância, pois o processo de aprendizagem não se desenvolve apenas no contexto formal das escolas elas representam o micro sistema que melhor auxiliam no processo de aprendizagem. Dessa forma os autores advertem que a escola não pode esquecer o trajeto que cada criança percorreu e continua percorrendo na sua família.

A escola também tem que estar interagindo com as transformações que acontece no meio tecnológico, suas estruturas e linguagens, pois a comunicação de massa modela e reformula a cultura constrói e desconstroi ideologias. Fazendo assim dos alunos usuários críticos dessa tecnologia. Usando de forma cautelosa a TV, por exemplo, são excelentes metodologias na área de conhecimento do meio natural e social, podendo também utilizar programas menos didáticos para trabalhar questões éticas como valores e atitudes. A TV não irá substituir a importância do professor, ao contrário, ela será uma ferramenta importantíssima na educação, tanto para o lado pragmático da educação, quanto na formação da opinião dos alunos que são também consumidores desse meio de informação tão comum em seu meio.

A educação não pode ser apresentada de forma coletiva e sim individual, e também de acordo com a faixa etária, pois a criança vê a educação e mundo de forma bem diferente que os adultos, assim, a educação dirigidas aos adultos possui um poder libertador e contem formas e objetivas específicos e mais pragmáticas que a infantil. Podemos definir a educação de adultos como educação permanente, pois contem uma finalidade social que responde a dois princípios básicos: a capacidade de mudança e o direito inalienável a educação.

Sabe-se que não existe uma pessoa igual à outra, por isso o principio básico da educação infantil continua para com o adulto, contudo as metodologias mudam-se por completo, sendo interessante a reflexão de Ramires de que “ao se referir as pessoas analfabetas, rejeita que sejam consideradas pessoas com déficit ou com incapacidade... pois o conhecimento adquirido por esse adulto teve uma metodologia diferente, mas a capacidade de aprender é implícita ao indivíduo.”. Sendo cada um com um ritmo próprio e uma dimensão particular.

Estabelece então estudos para a formação intelectual, profissional e social do adulto. Esses três âmbitos apresentam relações e frequentemente mudanças desse processo formativo.

"Visto em conjunto, os âmbitos que configuram a formação de adultos destacam dois aspectos: primeiro esse tipo de educação transcende, hoje em dia, o caráter eminentemente compensatório que comumente lhe é atribuído, uma verdadeira ferramenta para a formação individual e social. Segundo, configura um tipo especifico de prática educativa que a psicologia da educação, desde a tríplice dimensão que a caracteriza e em uma aproximação multidisciplinar, deverá abordar de maneira muito mais decidida nos próximos anos." SALVADOR, César Coll. Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. p. 197, 198.


A importância da Psicologia no processo educacional é tão evidente quanto polêmica. Não é sem razão que, em dado momento histórico, apenas esta ou aquela abordagem, de acordo com o prestígio alcançado, constitui preferência – às vezes verdadeiro modismo – entre os educadores e/ou órgãos oficiais que patrocinam o modelo de educação a ser adotado. O fato é que a formulação de cada abordagem, quer pela concepção de homem que contém, quer pelos pressupostos teóricos adotados ou pelos seus desdobramentos práticos, necessariamente implica uma estrutura de política educacional, um conjunto de objetivos específicos na formação acadêmica e um projeto sociocultural típico. As abordagens psicológicas, nessa perspectiva, são muitas, mas nem todas com repercussão significativa no contexto educacional.

PRO DIA NASCER FELIZ- DOCUMENTÁRIO

PRO DIA NASCER FELIZ

Todos nós somos iguais e no fundo somos crianças,
Aprendemos a dar importância às diferenças
Mas não percebemos nossas semelhanças.
Vivemos no mesmo planeta,
Ainda somos estranhos no mesmo ninho.
Procuramos E.T.s e cometas,
Mas não conhecemos os nossos vizinhos.

Gabriel, o pensador.



A educação no Brasil possui inúmeros problemas, que não nos cabe enumera-los no presente momento, contudo, devemos levar em consideração o real objeto de pesquisas em todas as salas de aulas brasileiras, - tanto públicas quanto privadas-, que são os alunos. Mas não podemos esquecer o espaço onde estão inseridos esses alunos.

Para uma explicação cabal acerca da exata situação da educação brasileira, será necessário um extenso estudo tanto de sociologia quanto de psicologia, onde a própria coerção social pode definir a estagnação e a falta de perspectivas da maioria dos jovens da rede pública de educação. Onde mesmo com toda a propaganda do governo exaltando a eficácia da educação, os problemas são notórios, e a falta de uma estrutura educacional é sem dúvida o maior dos problemas que necessita de uma ruptura em seus métodos.

Mas mudemos um pouco o foco de nossa análise, repensemos não as diferenças, mas as similitudes dos alunos das escolas brasileiras.

No documentário “Pro Dia Nascer Feliz” os produtores mostram a realidade de diferentes mundos dentro do mesmo espaço. Porque perspectivas tão diferentes para alguém que divide o mesmo tempo e espaço? Por que tantas dúvidas já que são tão delimitadas as fronteiras desse espaço intelectual e físico? Por que é tão difícil compreender esse momento de transformação na vida desses adolescentes? Mas as respostas são tão complexas quanta as perguntas. Onde os educadores concordam que a educação está “doente”.

Durante todo o documentário, percebi o descaso com o ambiente em que acontece a educação publica. Aquele ambiente que era pra ser público, ora parece privado. Pois a povo está sem saber, o que fazer com o lugar que era para ser de conhecimento e sabedoria.

Em boa parte das entrevistas, os adolescentes sentiam falta de um ambiente familiar saudável, com duvidas e medos contemporâneos, queriam se perder para se encontrar, e, se encontrar, para de novo cometer novos erros. Queriam fazer parte dos sonhos daqueles que estão em volta, em contra partida queriam construir seus próprios caminhos. Uma das entrevistadas argumentou o seguinte: “Não estou preocupada com a conclusão, é o processo que me encanta”. Isso é aprender por amor ao conhecimento. Contudo isso não exclui as duvidas do cotidiano. Outro exemplo foi de um aluno que vive conforme a comunidade espera que ele viva, andando armado, questionando autoridades e refazendo leis. E pra ser sincero não estamos preparados para tais alunos.

A família é muito importante nesse momento de formação, mas às vezes ela se comporta como se não fizesse parte. A escola não é lugar de educação social, mas poderia ser se fosse reformulada. Mas afinal pra que serve a escola? Já que em inúmeros casos a educação que é feita em casa funciona muito bem. É claro que na maioria dos casos, a sociedade deixa pra escola tanto a educação intelectual quanta a ética e moral. Talvez esteja aí o grande erro.

No final, a história nos induz as muitas interrogações, às vezes parece que não haverá jeito para o futuro da educação, às vezes o jeito é preterir e encaminha-lo ao governo ou privatiza-lo, pois apesar de todos os esforços não conseguimos dar conta.

Mas surge a esperança de mudar um a um a sociedade, pois o que move a profissão e oficio de professor é mais os sonhos de um mundo melhor, do que a realidade do racionalismo que vivemos. Mas que a esperança e a razão se uma aos sonhos e cause uma metamorfose nas escolas publicas e privadas.