sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- IV


PSICANÁLISE
O movimento psicanalítico que Sigmund Freud desenvolveu está intimamente ligado com sua própria vida e é em larga medida, autobiográfica. Em conseqüência, conhecer a história de sua vida é fundamental para a compreensão de seu sistema. Por psicanálise entende-se tanto a descrição da mente, da psique humana em geral, quanto um método de tratamento para distúrbios nervosos e psíquicos. Freud sempre achava que havia uma tensão entre o homem e seu meio, para ele nem sempre é a razão que governa as ações humanas. Conseqüentemente, o homem não é apenas o ser racional tão defendido pelos racionalistas do século XVIII. Com freqüência, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações. Tais impulsos irracionais são capazes de trazer a luz instintos e necessidades que estão profundamente enraizados dentro de nos.
Sigmund Freud foi um medico judeu vienense que modificou de forma bruta o de pesar da psicologia ele foi para a psicologia o que foi Karl Marx para o pensamento histórico econômico, e sociológico. Freud enfrentou as regiões obscuras do psiquismo, fazendo dos sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem seu objeto de pesquisa. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da psicanálise. O método de investigação da psicanálise busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginarias como sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. A análise busca a cura pelo autoconhecimento.
Podemos afirmar que a psicanálise nasceu com a amizade entre o Freud e o doutor Josef Breuer, onde foram travadas longas discussões do inconsciente humano, isso após a consulta de Breuer com uma enigmática paciente chamada Anna O. Durante o tratamento Breuer atendeu Anna diariamente por mais de um ano. Em suas consultas, Anna contava os acidentes perturbadores do dia, e depois disso, com freqüência se sentia aliviada dos sintomas. À medida que o tratamento continuava, Breuer percebeu e contou a Freud que os incidentes recordados por Anna sob hipnose envolviam algum pensamento ou evento que ela considerava repulsivo. Revivendo a experiência perturbadora sob hipnose, ela tinha os sintomas reduzidos considerado por muitos o marco do inicio formal da psicanálise. O livro continha um conjunto já publicado; cinco históricos de caso, incluindo o de Anna O. ; um artigo teórico de Breuer, um artigo sobre psicoterapia escrita por Freud. Embora tenha recebido algumas críticas negativas, a obra foi elogiada em revistas cientificas de toda a Europa e considerada uma valiosa contribuição ao campo. Foi um começo definido, embora modesto, do reconhecimento que Freud desejava. Breuer, no entanto, relutava em publicar o livro. Eles discutiam sobre a idéia de Freud de que o sexo era a única causa da neurose. Breuer aceitava a importância dos fatores sexuais, mas não estava convencido de que fosse a única causa. Ele sugeriu que Freud não tinha provas suficientes em que basear a sua conclusão. A decisão de publicar o livro mesmo assim levou a um estremecimento de sua amizade.
A descoberta do inconsciente foi o principio da psicanálise, Freud se perguntavam qual poderia ser a causa de os pacientes tantos fatos de sua vida interior e exterior. Para Freud o caminho real que leva ao inconsciente passa pelos sonhos. Por essa razão uma de suas mais importantes obras é a Interpretação Dos Sonhos, publicado em 1900. Nele Freud mostra que nossos sonhos não são meros acasos. Por meio dos sonhos, nossos pensamentos inconscientes tentam se comunicar com nosso consciente. Após longos anos de experiência acumulados no trabalho com seus pacientes, e também após de ter analisado os próprios sonhos, Freud afirmou que todos os sonhos são realizações de desejos latentes. Ele dizia podemos observar isso nas crianças: elas sonham com sorvetes e cerejas, por exemplo. Assim, segundo Freud, o eu onírico pode ser influenciado pelo eu empírico. Nos trabalhos de Freud podemos entrar conceitos como inconsciente, pré-consciente e consciente.
Outra grande contribuição de Freud foi sobre a descoberta da existência da sexualidade infantil, “em suas investigações na pratica clinica sobre a causa e o funcionamento da neurose, descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referia-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. Portanto tais dados colocavam a sexualidade no centro da vida psíquica. Para Freud a sexualidade existe desde o nascimento, esse desenvolvimento e longo a libido é a energia dos instintos sexuais."
Nos primeiros anos de vida as funções sexuais estão ligadas à sobrevivência, assim o prazer está ligado ao próprio corpo pelo menos nos primeiros anos de vida. Freud então desenvolve teorias para melhor explicar esse desenvolvimento na sexualidade infantil. Ele então postula as fases do desenvolvimento sexual: fase oral, onde a boca é a zona de erotização; a fase anal, na zona de erotização é o ânus; na faze fálica a zona de erotização é o órgão genital. Após esse período entra a faze em que Freud denomina de latência, que é o momento em que diminui o desenvolvimento das atividades sexuais e por fim a fase genital, onde o objeto de erotização não esta no próprio corpo e sim em um objeto externo ao indivíduo. No decorrer do processo da faze do desenvolvimento sexual ocorrem vários processos peculiares da própria sexualidade, o que mais nos chama a atenção é o complexo de Édipo. Que é o interesse da criança pela total atenção materna, sendo a figura do pai representada como rival e ao mesmo tempo como modelo de comportamento.
Nesse estágio é de primordial importância compreender alguns conceitos criados por Freud como realidade psíquica que é a mistura do real e do imaginário do cotidiano de qualquer individuo; os três pontos de vista do funcionamento psíquico que é o econômico, o tópico e o dinâmico; a pulsão que é o estado de tensão que busca através de um objeto a supressão deste estado; e o sintoma que é uma produção resultante de um conflito psíquico entre os desejos e o mecanismo de defesa.
Nos anos 20 Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de Id, ego e superego para se referir aos três sistemas de psicanálise. Freud chama de id este sistema de prazer que existe em nós, por exemplo, quando somos recém nascidos todo o nosso ser é apenas um id. Então ele continua conosco e nos acompanha a vida toda. Só que aos poucos vamos aprendendo a controlar nossos desejos a fim de nos adaptarmos a sociedade, assim, essa afinação do sistema de prazer é classificado por Freud de ego, que é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id. E a parti de certa idade não podemos ceder a todos os desejos, tendo que reprimir algum para o melhor convívio em sociedade. Mas pode acontecer de desejarmos alguma coisa que nosso meio não aceita. O que acontece que muitas vezes reprimimos nossos desejos.
O superego origina-se no complexo de Édipo, a partir das interiorizações das proibições, dos limites e da autoridade. Assim, ainda crianças, somos confrontados com os padrões morais de nossos pais e de nossos meios. As expectativas de nosso meio no plano da moral parecem ter se alojado dentro de nós e passado a constituir uma parte de nós mesmos. Freud chama este estagio de superego. Contudo para compreender cabalmente este estagio deve-se levar em consideração a introdução da idéia de sentimento de culpa, pois o individuo sente-se culpado de estar indo contra o seu mundo moral que já faz parte dele. Nesse contexto podemos afirmar que prazer e culpa acompanha o homem por toda a vida.
Freud argumenta que existem certos mecanismos de defesa que para evitar o desprazer da realidade fornece ao indivíduo um falseamento da realidade, deixando de registrar percepções externas. Na maioria das vezes são internas realizadas pelo inconsciente do indivíduo. O recalque é quando o individuo não ouve ou não vê um determinado acontecimento deformando desse modo uma parte da realidade. Formação reativa é quando o ego procura afastar o desejo que vai a determinada direção. A regressão é o retorno a um determinado acontecimento para causar um efeito maior em um acontecimento presente. Projeção é a confluência de distorção do mundo externo. Racionalização e onde o individuo cria uma argumentação intelectualmente convincente e aceitável, que justifica os estados deformados da consciência. Contudo existem outros mecanismos de defesa do ego que é a negação identificação, isolamento, anulação retroativa, inversão e retorno sobre si mesmo. Assim, todos nós os utilizamos em nossa vida cotidiana deformando a realidade para nos defender de perigos externos ou internos, reais ou imaginários.
Em suma, o que podemos concluir com a psicanálise é que Freud introduziu novamente a alma na ciência do conhecimento psicológico, atribuindo o mais subjetivo dos conhecimentos – o inconsciente- ao campo teórico. Embora Freud tenha rompido drasticamente com o conceito tradicional de psicologia, suas teorias ajudam imensamente a compreenssão do homem em seus diferentes ambientes. Podemos então frisar que depois de Freud nunca mais o sonho foi visto da mesma forma, e nem a psicologia foi vista como ciência ligada a insensibilidade. “Freud deu uma prova impressionante de como é fantástica a mente humana. Seu trabalho com pacientes convenceu-o de que tudo que vivemos, guardamos no fundo de nossa alma”. “E todas essas impressões podem ser trazidas a tona novamente”. Sendo as mesmas, moral, imoral ou amoral.

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- III


A GESTALT: A PSICOLOGIA DA FORMA
Segundo Nicola Abbagnano, em seu dicionário de filosofia, diz que a psicologia da forma ou o gestaltismo concentra seus ataques no terceiro princípio fundamental da psicofísica, o atomismo e o associacionismo. Consiste em assumir como ponto de partida o principio simetricamente oposto ao da psicologia associativa: o fato fundamental da consciência não é o elemento, mas a forma total, visto que esta nunca é redutível à soma ou a combinação de elementos. Seus fundadores foram Weltheimer, Köler e Koffka; mesmo mantendo inalterado o segundo princípio fundamental da psicofísica, deixou de falar em fatos e fenômenos de consciência para considerar formas, configurações ou campos, em sua estrutura total. O gestaltismo tratou principalmente da percepção, respeito da qual acumulou um número enorme de trabalhos experimentais.
Com teorias e metodologias consistentes, a Gestalt foi a corrente psicológica mais coesa da história da psicologia. Seus idealizadores iniciaram seus estudos pela percepção e sensações do movimento. Os gestaltistas preocupavam se em compreender os processos psicológicos da ilusão de ótica. O cinema é um bom exemplo.
A percepção é o ponto de partida para os gestaltistas, seus experimentos os levaram a questionar a teoria behaviorista de que a há relação de causa e efeito entre estímulo e resposta, porque para eles entre o estimulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. O que o individuo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano.
Segundo os teóricos gestaltistas, podemos compreendes as partes de forma equivocada, podendo de essa forma corromper o todo. Por isso eles estabelecem uma relação da forma com a compreensão cabal da forma. Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca do fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõe uma figura. Para eles a tendência da nossa percepção em busca da boa forma permitirá a relação figura-fundo. Quando mais clara estiver à forma (boa forma), mais clara será a separação entre a figura e o fundo. Quando isso não ocorre, fica difícil compreender o real, como acontece na clássica figura da taça cujo fundo são dois perfiz, ou dois perfiz cujo fundo é uma taça.
O conjunto de estímulos determinantes do comportamento é denominado meio ou meio ambiental, sendo estes conhecidos em dois tipos distintos: o geográfico e o comportamental.
O meio geográfico é o meio físico em termos objetivos. O meio comportamental é o meio resultante da interação do individuo com o meio físico que interage com o sujeito. Ou seja, a percepção pode ser influenciada pelo ambiente e pela realidade subjetiva do eu. A força do campo psicológico que pode ser designado como a capacidade natural de associar similitudes pode influenciar nossa percepção. O campo psicológico pode ser definido como um tipo de campo de força que nos induz a procurar a boa forma.
Outro argumento da Gestalt é a dissociação da aprendizagem com o associacionismo, eles afirmam que na verdade há uma relação entre o todo e a parte. Como no caso de crianças mesmo antes de adquirir o conhecimento da leitura consegue distinguir a logomarca de alguma empresa, outro exemplo é que ao olhar para uma figura que não tenha sentido pra nós e, de repente, sem que tenhamos feito nenhum esforço especial pra isso, a relação figura-fundo elucida-se. A esse fenômeno a Gestalt da o nome de insight. O termo designa uma compreensão imediata, enquanto uma espécie de entendimento interno.
Kurt Lewin, foi um grande colaborador dos teóricos gestaltistas, trabalhou com eles durante dez anos e dessa colaboração com os pioneiros nasceu a sua teoria de campo, que embora tenha nascido em berço gestaltistas ele seguiu outro rumo, pois abandonou a idéia da psicofísica e buscou na física as bases metodológicas de sua pesquisa. Suas pesquisas enfatizavam o estudo do comportamento humano em seus contextos físicos e sociais total.
O principal conceito de Lewin é do espaço vital, que ele define como a totalidade dos fatos que determinam que o comportamento do individuo num certo momento. Alguns teóricos argumentam que o “campo psicológico não deve ser compreendido como uma realidade física, mas sim fenomênica. Não são apenas os fatos físicos que influenciam no comportamento. O campo deve ser representado tal como ele existe para o individuo em questão, num determinado momento, e não como ele em si. Para a constituição desse campo, as amizades, os objetivos conscientes e inconscientes, os sonhos e os medos são tão essenciais com qualquer ambiente físico”.
Embora as teorias de Lewin seja de padrão de comportamento Gestalt esses conceitos não se restringem apenas a percepção, mas também as características de personalidades do indivíduo. Logo depois, ele estabelece um contato entre o comportamento de grupo transportando a noção de campo psicológico para a psicologia de grupo criando o conceito de campo social. “outra característica do grupo é o clima social, onde uma liderança autocrática, democrática ou laissez-faire irá determinar o desenvolvimento do grupo.

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA- II


BEHAVIORISMO
O Behaviorismo surgiu com o americano John B. Watson, em um artigo publicado em 1913 que apresenta o título: “Psycology as The Behaviorist Views It”. Em seu estilo claro e legível, Watson discutiu as seguintes idéias: a definição e o objetivo de uma nova psicologia; suas críticas as estruturalismo e ao funcionalismo , as antigas psicologias da consciência; o papel dos equipamentos hereditários e dos hábitos na capacitação dos organismos para se adaptar e se ajustar ao ambiente; a concepção de que as idéias da psicologia aplicada são verdadeiramente científicas porque buscam leis gerais que possam ser usadas para controlar o comportamento; e a importância de manter procedimentos experimentais uniformes, tanto na pesquisa humana como na pesquisa animal.
Os psicólogos que defendiam essa concepção teórica criaram termos como Resposta e Estímulo para se referirem aquilo que o organismo faz e as variáveis ambientais que interagem com o sujeito. O homem então começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomando como produto e produtor dessas interações.
Skiner que sucedeu Watson foi o mais ilustre behaviorista, formulou a concepção de comportamento operante. Para melhor entender esse comportamento devemos compreender o que é o comportamento respondente.
Partindo do principio que o comportamento respondente tem como base a involuntariedade dos estímulos sensoriais, como por exemplo, o reflexo, mas não é só isso que a teoria do comportamento respondente prega para seus idealizadores a uma interação entre sujeito e ambiente, onde o ambiente influencia nos estímulos naturais do ser humano, um bom exemplo seria a vontade de comer durante um determinado horário do dia mesmo que não se tenha fome; ou associação entre sons e imagens; perfume e momento histórico pessoal.
Já o comportamento operante ocorre sem nenhum estimulo esterno observável; a resposta do organismo é aparentemente espontânea- no sentido de não está relacionada com nenhum estímulo observável. Como diz Keller “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, tem efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta quer indiretamente”.
Skinner ao fazer experiências com ratos em laboratórios exemplificou quando fez com que o pequeno roedor tivesse um comportamento operante em momento de grande sede. Ele estimulou a necessidade fisiológica do rato propondo um comportamento respondente.
“Este comportamento operante, pode ser representado da seguinte maneira: R->S, em que R é a resposta do estimulo do comportamento e S é o estimulo forçado.
Outros conceitos do Behaviorismo são o Reforçamento, que é definido como toda a conseqüência que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência a esta resposta. Podendo o mesmo ser positivo ou negativo. Skinner ao se apoderar do próprio comportamento operante desenvolve a positividade ou a negatividade, quando ele é recompensado ou punido por causa do estimulo destes comportamentos. Pode-se ter outro exemplo de comportamento é a extinção que “é o procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. A punição também é outro procedimento importante do comportamento que envolve a conseqüência inesperada de uma resposta. Eles também formularam a noção de controle de estímulos que é quando estamos condicionados ao ambiente e seguimos regras quase imperceptíveis e feitas naturalmente, um bom exemplo é quando um motorista acelera ou freia um carro de acordo com o sinal de transito. “diz-se também que se desenvolveu uma discriminação de estímulos quando uma resposta se mantém na presença de um estímulo, mas sofre um certo grau de extinção na presença do outro, por exemplo, os diversos tipos de comportamento em diferentes ambientes festivos”. Na generalização de estímulos um estímulos adquire controle sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um estímulo similar, mas diferente.
Hoje os conceitos formulados pelos behavioristas são basicamente aplicados na educação, embora seja utilizada em muitas outras áreas, servindo também como um processo de auto-ajuda, ensinando-nos a nos compreender e modificar comportamento.

DEVANEIOS DE UMA MENTE VADIA - I




A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA- UMA BREVE VISÃO DO DESCOBRIMENTO DO HOMEM

Podemos classificar nesse momento a historia da psicologia como: uma breve visão do homem, pois embora a religião como o budismo, judaísmo e cristianismo tenham se voltado para o interior do homem para explicar suas ações, a historia da psicologia está mais voltada para o conhecimento empírico da filosofia.
Mesmo que os autores tenham falado de forma bem resumida da historia da psicologia, eles abordaram os principais marcos da história. Esquecendo dos pré-socráticos vão direto a Sócrates e Platão, desenvolvendo o conceito de alma, embora não deixem bem clara a complexa visão de alma platônica. Para Platão, a cabeça era o lugar da alma e a medula ligava a alma ao restante do corpo. Seguindo os passos de Platão, surge Aristóteles que muito contribuiu para a psicologia, segundo ele a psyque seria a origem da vida e ele defendia a dissociação do corpo com a alma, e para ele tudo aquilo que cresce e reproduz possui alma. Ele chegou a estudar as diferenças entre a razão a percepção e as sensações (Da anima). Sendo este considerado o primeiro tratado de psicologia. Assim, os autores argumentam que as teorias platônicas e aristotélicas são as mais importantes, embora alguns pré-socráticos tenham formulado importantíssimas teorias no campo da psicologia como, por exemplo, Parmênides, Heráclito e Hipócrates, sendo este último criador da teoria dos temperamentos.
Após o esfriamento das idéias filosóficas da antiga Grécia, historicamente entra em sena o Império Romano que domina praticamente todo o mundo conhecido naquele contexto. Com o advento do cristianismo o Império Romano incorpora-se a religião não podendo identificar onde começa a religião e onde termina o “Estado”. Nesse momento importantíssimo para a história surgem dois grandes pensadores que apesar da grande distância temporal bebem nas fontes mágicas do pensamento grego. São dois filósofos religiosos ou dois religiosos filósofos, Santo Agostinho (354-430) que retira de Platão a essência de sua filosofia defendendo a separação entre o corpo e a alma e também pregava a imortalidade da alma, que segundo ele era um fragmento do próprio Deus. E São Tomás de Aquino que buscava em Aristóteles as explicações para a compreensão da essência e existência, buscando argumentos racionais para justificar os dogmas da igreja garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo.
Passam-se alguns séculos e entre em sena o antropocentrismo em detrimento do teocentrismo, e o Renascimento toma conta do pensamento filosófico, acontece então as grandes transformações que marcaram a transição da idade média para a moderna como a Reforma protestante, as grandes navegações e o surgimento do homem do renascimento, que não era nem medieval nem moderno, muito menos um misto dos dois, era o real homem do renascimento.
Com as transformações no campo da economia, física, matemática, política, arquitetura e outros, surgem grandes pensadores como René Descartes (1596-1659), ele postula a separação entre mente (alma e espírito) e o corpo. Desenvolvendo mais profundamente suas teorias. Ele abre caminho para a anatomia e fisiologia, contribuindo para o progresso da psicologia.
Não podemos esquecer, sobretudo, da contribuição de Kant na teoria dos temperamentos, pois tendo retomado os escritos de Hipócrates, divulgou as suas antigas teses. Tendo provavelmente influenciado o próprio Dr. Wunot, pois ele também aceitava a teoria dos quatro temperamentos, o que provavelmente levou ao estabelecimento da psicologia biotipológica.
Novamente após inúmeras passagens temporais, entra em destaque a transição e mutação econômica do sistema feudal para o surgimento e crescimento do capitalismo, onde o século19 se mostra como um segundo renascimento em plena contemporaneidade e ressurge idéias originais para tentar explicar o nascimento de uma nova sociedade capitalista.
Com o capitalismo surge a industrialização e com ela as máquinas que transforma o tempo e o espaço em um ambiente mecanizado, o mundo se torna um relógio e uma máquina. Então o pensamento pragmático positivista atingiu também a ciência, onde a psicologia torna-se amante da fisiologia, neuroanatomia e neurofisiologia.
“Em 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais”... “a neurologia descobre que nem sempre a atividade motora nem sempre está ligada a consciência, como por exemplo, o reflexo”... “física e psicologia se juntam para compreender a percepção de cores”.
Podemos então definir o berço da psicologia moderna como sendo a Alemanha do final do século 19, onde a melhor contribuição foi a de Wilhelm Wunat. Para a psicologia “seu status de ciência é obtida a partir que se libertava da filosofia, atraindo novos estudiosos e pesquisadores, que sobre novos padrões compreendem melhor a psicologia.” “Embora o berço da psicologia seja a Alemanha, é nos EUA que ele se desenvolve, onde surgem as primeiras escolas teóricas. Essas escolas são o funcionalismo de William James (1846-1910); o estruturalismo de Edward Titchner; e o associacionismo de Edward L. Thorndike (1874-1949).
De forma geral o Funcionalismo foi à primeira sistematização americana genuína em psicologia, surgindo uma preocupação com a consciência. O Estruturalismo preocupa-se também com a consciência, mas irá estudar os seus aspectos associados à estrutura do sistema nervoso central. O Associacionismo formulou a primeira teoria de aprendizagem. O termo deriva-se da concepção que a aprendizagem se dá por meio de associação das idéias mais simples para as mais complexas, foi criada também a lei de efeito.
No século 20 surgem as três mais importantes tendências teóricas psicológicas: Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise.

PSICOLOGIA



Segundo os autores do livro Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia, para melhor compreender a psicologia, deve-se ter conhecimento dos diferentes tipos de conhecimentos; o senso comum, o filosófico, religioso e científico. A partir daí deve-se diferenciar os diversos tipos de conhecimento para identificar o científico como conhecimento básico da psicologia.
Assim, os autores argumentam que a ciência compõe-se “de um conjunto de conhecimento sobre fatos ou aspectos da realidade expressa por meio de uma linguagem precisa ou/e rigorosa”. Mas a ciência não é a verdade absoluta, as suas teorias podem ser revistas e refeitas, ela “deve ser passiveis de verificações e isentas de emoções”.
Ao explorar o conhecimento científico os autores abordam a noção de psicologia científica, deixando de lado os outros tipos de conhecimento, e revendo os inúmeros psicólogos do senso comum.
Com o advento da psicologia científica é importante determinar o seu objeto de estudo, abordando a diversidade do campo psicológico, onde é abordada varias definições para a delimitação do seu real objeto de pesquisa. Prosseguindo ele afirma que a psicologia é uma jovem ciência (assim como a história), por isso há uma dificuldade em apresentar uma cabal corrente de pesquisas teóricas e metodológicas, alem da confusão entre o pesquisador e objeto de pesquisa, o distanciamento nesse caso fica mais difícil.
Pulando um pouco o contexto histórico abordado pelos autores, a psicologia só foi considerada ciência após o século 19, antes disso a psicologia era uma ramificação da filosofia, sendo grandes nomes da filosofia precursores da psicologia.
Os autores também apresentam uma diversidade baseada no homem. Sendo a psicologia um conceito polissêmico, deve-se então compreender o homem para qualificar o seu objeto de pesquisa, e a partir daí delimitar o campo escolhido. Os autores apresentam no presente livro a psicologia como uma das mais influentes ciências da área de humanas, mas, deve-se “questionar a caracterização da psicologia, como ciência e a postular que no momento não existe uma psicologia, mas ciências psicológicas embrionárias e em desenvolvimento”, devido as grandes e diversas áreas da psicologia. Prosseguindo, os autores apresentam a subjetividade como objeto de pesquisa da psicologia, haja vista que nos deparamos “com diversos enfoques que trazem definições específicas desse objeto, pois cada um dos ramos das ciências psicológicas aborda o homem de forma peculiar”. Assim, o homem é a matéria prima do conhecimento das ciências psicológicas, sejam elas as visíveis, as invisíveis, as singulares ou as genéricas; o homem-corpo, o homem-pensamento; homem-ação e tudo mais que resuma a subjetividade do homem. Assim, os autores apresentam a subjetividade como característica do indivíduo, ou seja, o crescimento cognitivo de cada um. (Idéias, significados e emoções).
“Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos poucos, apropriando do material do mundo social e cultural... criando e transformado o mundo esterno... o homem constrói e transforma a si próprio.”
Os autores argumentam que o homem faz parte dessa transformação, pois vive em um mundo objetivo com seres subjetivos, fazendo parte das ciências humanas. A psicologia tem diversas formas de abordar o seu objeto de pesquisa. No final do capítulo os autores alertam para a diferenciação entre psicologia e misticismos. Como tarô, quiromancia e astrologia, contudo o psicólogo do senso comum é figura presente no imaginário coletivo e a compreensão do outro e vista equivocadamente como a real psicologia.

EDUCAÇÃO

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO


De forma geral, a psicologia da educação funciona como a compreensão da realidade social e cultural da criança, associando a escola à família e a família a sociedade. Onde a partir da orientação de um tutor os caminhos e descaminhos serão mostrados, contudo o desenvolvimento pessoal será um fato inseparável da socialização. Com isso, a associação de vários micros sistemas forma uma unidade de aprendizagem, que embora complexo, assume um papel peculiar na aprendizagem. A própria reestruturação no modelo familiar, como por exemplo, as monoparentais, como representação natural familiar no ambiente contemporâneo, simultaneamente com as outras formas de micro sistemas tecnológicas que revolucionam a educação.

A família também é de extrema importância, pois o processo de aprendizagem não se desenvolve apenas no contexto formal das escolas elas representam o micro sistema que melhor auxiliam no processo de aprendizagem. Dessa forma os autores advertem que a escola não pode esquecer o trajeto que cada criança percorreu e continua percorrendo na sua família.

A escola também tem que estar interagindo com as transformações que acontece no meio tecnológico, suas estruturas e linguagens, pois a comunicação de massa modela e reformula a cultura constrói e desconstroi ideologias. Fazendo assim dos alunos usuários críticos dessa tecnologia. Usando de forma cautelosa a TV, por exemplo, são excelentes metodologias na área de conhecimento do meio natural e social, podendo também utilizar programas menos didáticos para trabalhar questões éticas como valores e atitudes. A TV não irá substituir a importância do professor, ao contrário, ela será uma ferramenta importantíssima na educação, tanto para o lado pragmático da educação, quanto na formação da opinião dos alunos que são também consumidores desse meio de informação tão comum em seu meio.

A educação não pode ser apresentada de forma coletiva e sim individual, e também de acordo com a faixa etária, pois a criança vê a educação e mundo de forma bem diferente que os adultos, assim, a educação dirigidas aos adultos possui um poder libertador e contem formas e objetivas específicos e mais pragmáticas que a infantil. Podemos definir a educação de adultos como educação permanente, pois contem uma finalidade social que responde a dois princípios básicos: a capacidade de mudança e o direito inalienável a educação.

Sabe-se que não existe uma pessoa igual à outra, por isso o principio básico da educação infantil continua para com o adulto, contudo as metodologias mudam-se por completo, sendo interessante a reflexão de Ramires de que “ao se referir as pessoas analfabetas, rejeita que sejam consideradas pessoas com déficit ou com incapacidade... pois o conhecimento adquirido por esse adulto teve uma metodologia diferente, mas a capacidade de aprender é implícita ao indivíduo.”. Sendo cada um com um ritmo próprio e uma dimensão particular.

Estabelece então estudos para a formação intelectual, profissional e social do adulto. Esses três âmbitos apresentam relações e frequentemente mudanças desse processo formativo.

"Visto em conjunto, os âmbitos que configuram a formação de adultos destacam dois aspectos: primeiro esse tipo de educação transcende, hoje em dia, o caráter eminentemente compensatório que comumente lhe é atribuído, uma verdadeira ferramenta para a formação individual e social. Segundo, configura um tipo especifico de prática educativa que a psicologia da educação, desde a tríplice dimensão que a caracteriza e em uma aproximação multidisciplinar, deverá abordar de maneira muito mais decidida nos próximos anos." SALVADOR, César Coll. Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. p. 197, 198.


A importância da Psicologia no processo educacional é tão evidente quanto polêmica. Não é sem razão que, em dado momento histórico, apenas esta ou aquela abordagem, de acordo com o prestígio alcançado, constitui preferência – às vezes verdadeiro modismo – entre os educadores e/ou órgãos oficiais que patrocinam o modelo de educação a ser adotado. O fato é que a formulação de cada abordagem, quer pela concepção de homem que contém, quer pelos pressupostos teóricos adotados ou pelos seus desdobramentos práticos, necessariamente implica uma estrutura de política educacional, um conjunto de objetivos específicos na formação acadêmica e um projeto sociocultural típico. As abordagens psicológicas, nessa perspectiva, são muitas, mas nem todas com repercussão significativa no contexto educacional.

PRO DIA NASCER FELIZ- DOCUMENTÁRIO

PRO DIA NASCER FELIZ

Todos nós somos iguais e no fundo somos crianças,
Aprendemos a dar importância às diferenças
Mas não percebemos nossas semelhanças.
Vivemos no mesmo planeta,
Ainda somos estranhos no mesmo ninho.
Procuramos E.T.s e cometas,
Mas não conhecemos os nossos vizinhos.

Gabriel, o pensador.



A educação no Brasil possui inúmeros problemas, que não nos cabe enumera-los no presente momento, contudo, devemos levar em consideração o real objeto de pesquisas em todas as salas de aulas brasileiras, - tanto públicas quanto privadas-, que são os alunos. Mas não podemos esquecer o espaço onde estão inseridos esses alunos.

Para uma explicação cabal acerca da exata situação da educação brasileira, será necessário um extenso estudo tanto de sociologia quanto de psicologia, onde a própria coerção social pode definir a estagnação e a falta de perspectivas da maioria dos jovens da rede pública de educação. Onde mesmo com toda a propaganda do governo exaltando a eficácia da educação, os problemas são notórios, e a falta de uma estrutura educacional é sem dúvida o maior dos problemas que necessita de uma ruptura em seus métodos.

Mas mudemos um pouco o foco de nossa análise, repensemos não as diferenças, mas as similitudes dos alunos das escolas brasileiras.

No documentário “Pro Dia Nascer Feliz” os produtores mostram a realidade de diferentes mundos dentro do mesmo espaço. Porque perspectivas tão diferentes para alguém que divide o mesmo tempo e espaço? Por que tantas dúvidas já que são tão delimitadas as fronteiras desse espaço intelectual e físico? Por que é tão difícil compreender esse momento de transformação na vida desses adolescentes? Mas as respostas são tão complexas quanta as perguntas. Onde os educadores concordam que a educação está “doente”.

Durante todo o documentário, percebi o descaso com o ambiente em que acontece a educação publica. Aquele ambiente que era pra ser público, ora parece privado. Pois a povo está sem saber, o que fazer com o lugar que era para ser de conhecimento e sabedoria.

Em boa parte das entrevistas, os adolescentes sentiam falta de um ambiente familiar saudável, com duvidas e medos contemporâneos, queriam se perder para se encontrar, e, se encontrar, para de novo cometer novos erros. Queriam fazer parte dos sonhos daqueles que estão em volta, em contra partida queriam construir seus próprios caminhos. Uma das entrevistadas argumentou o seguinte: “Não estou preocupada com a conclusão, é o processo que me encanta”. Isso é aprender por amor ao conhecimento. Contudo isso não exclui as duvidas do cotidiano. Outro exemplo foi de um aluno que vive conforme a comunidade espera que ele viva, andando armado, questionando autoridades e refazendo leis. E pra ser sincero não estamos preparados para tais alunos.

A família é muito importante nesse momento de formação, mas às vezes ela se comporta como se não fizesse parte. A escola não é lugar de educação social, mas poderia ser se fosse reformulada. Mas afinal pra que serve a escola? Já que em inúmeros casos a educação que é feita em casa funciona muito bem. É claro que na maioria dos casos, a sociedade deixa pra escola tanto a educação intelectual quanta a ética e moral. Talvez esteja aí o grande erro.

No final, a história nos induz as muitas interrogações, às vezes parece que não haverá jeito para o futuro da educação, às vezes o jeito é preterir e encaminha-lo ao governo ou privatiza-lo, pois apesar de todos os esforços não conseguimos dar conta.

Mas surge a esperança de mudar um a um a sociedade, pois o que move a profissão e oficio de professor é mais os sonhos de um mundo melhor, do que a realidade do racionalismo que vivemos. Mas que a esperança e a razão se uma aos sonhos e cause uma metamorfose nas escolas publicas e privadas.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

EU ACUSO

- Eu acuso !: Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes *
** Por Igor Pantuzza Wildmann

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado "dano moral" do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que "era proibido proibir". Depois, a geração do "não bate, que traumatiza". A coisa continuou: "Não reprove, que atrapalha". Não dê provas difíceis, pois "temos que respeitar o perfil dos nossos alunos". Aliás, "prova não prova nada". Deixe o aluno "construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, "é o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade", "temos que mudar ‘tudo isso que está aí'; "mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico'."

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno - cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve algo".

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a "revolta dos oprimidos"e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os "cabeça - boa" que acham e ensinam que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam "promoters" de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de "o outro".

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo."

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann - Advogado - Doutor em Direito. Professor da Faculdade de Direito Milton Campos(MG)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

PLANGENTE





...Se os ditosos vos lerem sem ternura,
ler-vos-ão com ternura os desgraçados...
BOCAGE











PLANGENTE
Nem mesmo o brilho intenso da lua cheia
Aquece o frio que corre em minhas veias,
Veias que modelam meu corpo quase morto,
Por não reconhecer meu rosto
Ao espelho.
E vermelho
São meus dias,
Que são seguidas por noites frias...
Nas quais te espero.
E pra deixar de ser sincero,
Finjo um sorriso,
Morbildo e indeciso,
Como o olhar que escondo.
E entre os escombros
Faço o meu leito.
E rasgo o meu peito
A espera de Deus.

Nagé Pereira Sanches.
Em uma triste noite de 1998.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

BULLYING, Mentes Perigosas nas Escolas.


BULLYING “MENTES PERIGOSAS NAS ESCOLAS”
Segundo Ana Beatriz Barboza Silva, o bullying é um conceito novo, embora exista ,desde que o mundo é mundo, uma perseguição contra os mais fracos ou diferentes. Sempre de uma forma naturalmente covarde. No Brasil ainda é pouco conhecida, possuindo ainda o conceito um vocábulo inglês, mas a observação e divulgação destes acontecimentos tem sido crescente, principalmente através dos meios de comunicação.
De acordo com o dicionário inglês bully significa indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já o termo bullying corresponde a um conjunto de violência seja física ou psicológica de caráter intencional e repetitivo (perseguição) praticado por bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender.
Essa relação de poder (intimidação, prepotência ou abuso de poder) entre estudantes, são algumas estratégias praticadas pelos agressores de bullying. Seu objetivo é dominar e controlar suas vítimas. Seja através de força física ou através de palavras, havendo casos em que o individuo não percebe que esta agredindo o outro.
Embora o tema bullying faça parte do mundo estudantil, vítimas e agressores podem ser encontrados em todos os segmentos da sociedade, com chefes e colegas tiranos, o ambiente profissional se torna insuportável. Sendo que alguns funcionários chegam a “surtar” com as perseguições no ambiente de trabalho, Comportando-se de forma extremamente violenta em casos extremos ou se isolando a procura de refúgio na solidão.
As formas mais comum de bullying podem ser: verbais- insultar, colocar apelidos pejorativos, fazer gozações e etc.; Físico e/ou material- bater ou roubar objetos; psicológico ou moral –irritar, excluir, isolar, perseguir, difamar; Sexual: abusar, violentar, assediar; Virtual- celular ou internet.
Conseqüentemente o bullying acarreta problemas psíquicos em suas vítimas como, por exemplo, Sintomas psicossomáticos: as vitimas nesse caso começam a apresentar sintomas físicos como, por exemplo, dor de cabeça, dificuldade de concentração, taquicardia, calafrios e outros; Transtorno do Pânico: a vítima é tomada por uma sensação enorme de medo e ansiedade, e essa sensação dura em média de 20 a 40 minutos; Fobia Escolar: caracteriza-se pelo medo excessivo do ambiente escolar; Fobia Social: essa timidez patológica caracteriza-se pelo medo de se tornar o centro das atenções, podendo apresentar gagueira ou ter verdadeiros brancos ao tentar se comunicar; Transtornos de Ansiedade Generalizada: sensação de medo e ansiedade intensa que não “larga do pé”. A pessoa se preocupa com tudo que acontece ao seu redor; Depressão: trata-se de uma doença que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o comportamento. Anorexia e bulimia: esses transtornos alimentares são considerados epidemias em nossa sociedade ocidental e acometem 90% dos casos em mulheres, sobretudo adolescentes e adultos jovens. A anorexia se caracteriza pelo terror descabido de engordar, onde comer se torna insuportável e a bulimia é a ingestão compulsiva exagerada de alimentos geralmente muito calóricos, seguida de um enorme sentimento de culpa. Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): popularmente conhecida como manias, o TOC se caracteriza por pensamento sempre de natureza ruim e obsessiva, como medo de doença e a obsessão por rituais diários como organizar tudo sempre da mesma forma e de forma simétricos. Também faz parte desses problemas psíquicos causados pelo Bullying o TEPT, ou seja, o Transtorno do Estresse Pós traumático e casos menos freqüentes como esquizofrenia, suicídio e homicídio.
Agora que conhecemos suas causas e seus efeitos, vamos agora conhecer os atores dessa tragédia escolar:
As Vítimas: geralmente são crianças anti-sociais, ou seja, tímidas e reservadas e não revidam as provocações e agressões. Geralmente são menores que seus agressores ou apresentam alguma característica que as diferenciam das demais como, por exemplo: gordinhos ou magras demais, altas ou baixas demais; usam óculos ou são deficientes físicos.
Alem das vítimas tradicionais, algumas podem ser também vítimas provocadoras ou vítimas provocadoras. A vítima provocadora é aquela onde a criança insufla contra si a reação agressiva de seus colegas. Vítima Agressora é aquela em que o aluno vítima de bullying se sente no direito de oprimir outros colegas mais fracos, eles fazem isso como forma de compensação das agressões sofridas.
Podemos dividir os expectadores em três grupos: Passivos, eles não concordam com as atitudes, mas por medo de se tornarem as próximas vítimas esses expectadores ficam de mãos atadas contra os agressores; Expectadores Ativos: esses alunos embora não participem ativamente das agressões dão apoio moral aos agressores com risadas e palavras de incentivos; Expectadores Neutros: esses expectadores por motivo de estarem inseridos em ambientes violentos não demonstram nenhuma sensibilidade para com as vítimas, são acometidos por uma “anestesia emocional”.
Para se conhecer os atores dessa história pais, professores e os demais profissionais da educação devem estar atentos ao comportamento dos alunos, tentando identificar cada papel desse drama escolar. As vitimas na hora do recreio encontram-se freqüentemente isolados ou perto de algum adulto, em sala de aula evitam fazer perguntas para não serem “zoados”, possuem faltas excessivas, são geralmente tristes, gradativamente desinteressam pelas atividades escolares e ocasionalmente apresentam contusões. Em casa as vítimas se queixam de dores de cabeça, tontura, vômito, perda de apetite, tem mudança de humor, não tem amigos, gastam mais que o habitual na cantina, começam a inventar desculpas para faltar às aulas, começam a se tornar descuidados com tudo que possa estar relacionados com assuntos escolares.
Os Agressores: com suas brincadeiras de mau gosto, provocam gozações, risos provocativos, colocam apelidos, insultam, constrange sempre se envolvem de forma direta ou velada, pegam materiais e dinheiro. Em Casa tem atitude hostil, desafiadora e agressiva, mostram-se geralmente hábeis em manipular as pessoas, aparecem com objetos que não possuíam ou com dinheiro extra. Em alguns casos os agressores se comportam como se nada estivesse acontecendo, indo dessa forma de encontro contra todas as reclamações da escola. geralmente possuem transtorno de personalidade com traço de desrespeito e maus tratos, podem ser de ambos os sexos, agindo individualmente ou em grupos. Esses agressores apresentam desde sedo aversão a normas e se envolvem em pequenos delitos. Com essas características de comportamento essas crianças se envolvem em maus tratos contra irmãos coleguinhas, empregados e animais de estimação.
Os Expectadores geralmente não possuem um comportamento que chame muita atenção, mantendo-se calados do que acontece na escola. Quando se faz perguntas sobre o ocorrido inventam outros assuntos para se discutir. são aqueles alunos que presenciam as agressões, mas não tomam nenhuma atitude para mudar esse quadro de covardia. Eles não se juntam aos agressores nem saem em defesa das vítimas.
Ciberbullying: nos tempos modernos a internet, essa ferramenta tão útil na proliferação de informações saudáveis, contendo centenas de livros, novas pesquisas e tantos outros conteúdos, também serve como ferramenta para incentivar o bullying. Os agressores fazem a distância o que se inicia em sala na escola usando a internet. Os praticantes de Ciberbullying se utilizam de todas as possibilidades como e-mails, blogs, fotoblogs, MSN, Orkut, You Tube, Skype, Twitter, Faceboock, MySpace, fotoshop, torpedos e etc. Os agressores criam perfis falsos para incomodar suas vítimas com comentários racistas, preconceituoso, que vem acompanhadas de imagens e fotos.
A melhor forma de combater o bullying é prestar atenção no comportamento dos alunos. Melhorar a educação familiar e acabar com a transmissão da responsabilidade da educação moral as escolas, cada membro da sociedade deve cumprir sua parcela de responsabilidade. E as leis que defendem os interesses das crianças e adolescentes deve sair do papel, pois as vezes juízes que cuidam (destes assuntos) transmitem as escola uma responsabilidade além dos cabidos a ela.
A divulgação e compartilhamento entre países sobre este assunto, haja vista termos sempre reportagem de outros países delatando estes acontecimentos, principalmente em meios televisivos, fazendo com que a sociedade como todo tenha acesso ao que ocorre mundialmente, nos ajuda a procurar meio de lidar com essa situação. A Educação tem caminhado de forma favorável sobre este tema, as discussões tem se ampliado, isso ajuda a enxergar melhor o problema, que não é novo, mas recentemente diagnosticado.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

NOSTALGIA















NOSTALGIA
Tenho saudade do teu sorriso,
Que me dizia como o mundo é belo,
A nostalgia sacode o peito,
E visualizo seu rosto terno.

Tenho saudade do teu bom dia,
De tuas palavras dias ao vento,
O jeito meigo de tuas melodias
Que mesmo ao longe trazia alento.

As flores nascem, crescem e morrem,
Como um segundo que começa e termina,
A estrutura que em mim percorre
De repente se tornou em ruínas.

São lembranças, são saudades,
São pequenos fragmentos na eternidade,
São memórias inesquecíveis,
São vitorias e derrotas que não morrem,
São solitários pequenos versos,
São suspiros inconscientes de saudades,
São anos e anos esquecidos,
São pequenos momentos relembrados.

19 de janeiro de 2002.

terça-feira, 24 de maio de 2011

CINZAS DE MNHA ALMA

CINZAS DE MINHA ALMA
Ontem passei por um homem,
Pelo menos se pareciam com um.
Olhos vidrados em sua tristeza,
Cabelos embaraçados e barba pra fazer.
Estava com uma roupa pesada,
Creio que era para enfraquecer o frio
Que entrava sem ser convidado.
Olhava as pessoas atentamente,
E por uma fração de segundos
Esboçou um meio sorriso,
Depois a tristeza tomou conta
De seu semblante.
Perguntei-me: o que o homem estava pensando?
Talvez a nostalgia de doces tempos.
Ou lembranças de um coração partido.
Mas por qual motivo o destino priva as
Pessoas da liberdade natural da felicidade
Enclausurando as mesmas em prisões sem muros?
O que eu via naquela calçada de olhos tristes e cansado
Não era um homem, era um espectro
 De alguma coisa que se assemelhava com um.
Pessoas transitavam lentamente como a fina chuva que caia.
O homem continuou ali parado com a cabeça encostada ao peito.
As gotas de chuva dançavam com as lagrimas.
Um velho negro chorando na calçada
Parece a personificação de musicas triste
Entoados por escravos em seus cárceres.
Mas ele continuava ali
Mumificado em sua própria plangência.
Talvez tentando uma purificação em meio a chuva que caia.
Um negro sem memória.
Uma historia de um alguém que nunca existiu,
E como um fantasma
Que estava presente
Sem saber de onde vem ou pra onde vai,
Com as mãos no bolso,
Fronte na chuva,
Olhos plangentes e
Face caída,
Partiu.
 Como se nunca tivesse existido.

30 de setembro de 2002.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O XADREZ NA HISTÓRIA

Imaginem um vírus, que de tão poderoso que é infecta e contagia não o corpo mas a mente e a alma, um vírus que modifica comportamento social e cultural, um vírus que causa revolução, guerras e paz, um vírus que destrói e constrói nações, reinos e homens, modificando constantemente o ambiente em que vive. Um vírus, apenas um vírus, mas esse vírus existe? Sim, vulgarmente o chamamos de "Idéia". Eis a formula principal da ideologia, dos sonhos e esperança. Para o bem ou para o mal ela está presente. Dessa forma podemos colocar o xadrez e sua historia no campo da idéia, de como ao longo do tempo ele transforma e também é transformado.

 O xadrez tem uma história paralela ao desenvolvimento da cultura islãmica-judaica-cristã, não sabendo o exato local de seu nascimento seja China, Índia, Pérsia ou Península Arábica ou o ano, muito menos a mente ociosa que o elaborou. Esse, que seria o mestre dos jogos do raciocínio lógico, ganharia espaço nos diversos tipos de culturas e sociedades. Passando pela China e Índia no Século VI, pela Pérsia no século VII, fez parte do acúmulo e desenvolvimento da filosofia muçulmana no século VIII, seria a distração dos muçulmanos na Espanha dos séculos IX e X e se tornou o espelho da Europa Medieval entre os séculos XI e XIV, foi apreciado no Iluminismo, expressou também de forma grandiosa as revoluções dos séculos XIX e XX sem contar que durante a Belle Èpoque ganhou a forma da época e durante a Guerra Fria representou o próprio conflito entre enxadristas de países capitalistas e socialistas.

Mas qual o real motivo dessa imortalidade do xadrez? Um jogo que modificou seu nome e sua forma, mas não a sua essência, já se chamou chatranj, shaturanda e xadrez. Já tiveram em suas peças elementos indianos e muçulmanos como elefantes, carroças e conselheiros, também representaram a Europa cristã da Idade Média. Dentro de um tabuleiro de xadrez encontramos mais número de jogadas que elétrons no universo por isso não que seja infinito, mas dificilmente encontraremos algum elemento na natureza que supere em números a quantidade de jogadas em um tabuleiro de xadrez. Segundo estudiosos existem em números matemáticos aproximadamente 10¹²°, se fossemos escrever esse número seria 1 mais 120 zeros, ou ainda melhor, por extenso seria mil trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de trilhões de jogadas, os números de elétrons existentes no universo é de 10 elevado a 79, bem menos que as jogadas do xadrez.Temos então dentro do tabuleiro de xadrez representações da Matemática, História, Lingüística e Psicologia. Nem sempre de forma objetiva, assim ao estudar não o jogo, mas a arte e a filosofia do xadrez não demoramos muito a notar causa de sua longevidade.

Agora o que de comum entre Saladino- Antigo sultão muçulmano-, Napoleão, Che-Guevara, Henrique VIII, Elizabeth- A rainha, George Washington, Bob Fisher e este que vos escreve nesse momento? Todos estes se encantaram pela arte desse jogo que tem mais de 1500 anos. Um dos casos mais interessante de notáveis jogadores de xadrez foi a do editor, cientista, empresário, chefe dos correios Benjamim Franklin que embora não tenha sido um grande mestre do xadrez foi um articulador magnífico em várias áreas da vida social e política dos Estados Unidos. Ótimo pensador sabia como ninguém utilizar as metáforas proporcionadas pelo xadrez. Em uma partida amistosa na frança contra um determinado adversário (lembrando que esse período era o apogeu da Revolução Americana, ou Guerra da Independência se preferes) Franklin durante o jogo entra em xeque, mas ao invés de sair do xeque ele simplesmente ignora a jogada e move outra peça, advertido pelo oponente ele argumenta: "Estou vendo, mas não vou defendê-lo. Se ele fosse um bom rei, como o seu, mereceria a proteção dos súditos. Mas é um tirano, e já custou a eles muito mais do que o seu valor. Pode levá-lo, se quiser posso me arranjar sem ele, e lutarei o resto da batalha "en republican".Dessa forma ele resumia o sentimento da Revolução Americana, morte ao rei que conquistaremos a liberdade sem ele.

O xadrez está em grande parte da história da humanidade, seja na Expansão Muçulmana do século VII, seja na Guerra Fria do século XX, o certo é que em cada época ele possui técnica de forma diferente mas sua essência de deixar todos os louros seja vitória ou derrota a cargo do jogador, não tem sorte no xadrez, seja no xadrez romântico, científico ou moderno. Seja da Índia a China, do Oriente Médio a Rússia, da Europa a América houve no xadrez inúmeras mudanças de nomes e regras mas sempre teve a elegância de dotar seus jogadores da dádiva de ser dono de seu próprio destino. Sem dados ou cartas marcadas, o xadrez representa a vida humana no sentido mais amplo da palavra pois uma jogada influencia  todo o resto das jogadas seja para a vitória quanto para a derrota. Nossas atitudes são nossas jogadas e somente a nós é dado o prazer de dar um Xeque-Mate por causa de nossas escolhas.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

POR QUE A GUERRA FRIA EMERGIU? segundo Hobsbawm.



A competição pela liderança econômica do mundo foi muito serrada entre Estados Unidos um país capitalista e União Soviética um país socialista. Ambos queriam a manutenção e a expansão de áreas de influência de seus interesses.
Essa competição teve início na Segunda Guerra Mundial, em 1945, os Estados Unidos consolidaram sua oposição de superpotência capitalista, e a União Soviética, que tinha implantado o socialismo em 1917, surgia como nação forte e respeitada por todas as demais. No pós-guerra intensificaram-se as disputas entre Estados Unidos capitalista e Unido Soviética socialista pela liderança do mundo. Cada uma das superpotências procurou consolidar sua liderança sobre outros países e ampliar sua área de influência.
De um lado a potência socialista conseguem  influenciar muitos países do leste europeu que deixam de ser capitalistas e se tomaram socialistas como a  Iugoslávia  que tomou-se socialista em 1945; a Albânia e a Bulgária, em 1946;a Polônia e a Romênia, em 1947; a Checoslováquia, em 1948;a Hungria, em 1949;a República Democrática Alemã Oriental, em 1949. Também na Ásia, alguns países optaram pelo socialismo: o Vietnã do Norte, em 1945; a Coréia do Norte, em 1948; a China, em 1949; o Tibet, em 1950, como província da China e, depois, em 1953, independente.
Outros países optaram pelo socialismo nos anos 60, 70 e 80. Por outro lado os Estados Unidos com receio do avanço do socialismo sobre os países da Europa ocidental que estava destruída devido à guerra e temendo perdê-los de sua área de influência, elaboraram um plano de ajuda econômica para que esses países pudessem recuperar sua economia. Os países europeus que mais receberam ajudam dos Estados foram: Reino Unido, França, Alemanha e Itália.
A partir de 1945 após o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, os Estados Unidos também prestou ajuda militar e economicamente ao Japão, Aplicando vultosas somas de dinheiro para recuperar a economia japonesa e, assim, assegurar seu apoio.
Essa disputa pela superioridade internacional entre os Estados Unidos e a União Soviética, logo após a Segunda Guerra Mundial, gerou a Guerra Fria.
A Guerra Fria foi uma disputa não declarada. Cada uma das nações procurava ampliar suas áreas de influência sobre o mundo, Foi também uma disputa ideológica, isto é, em que se defrontavam os dois tipos de organização econômica, política e social: o capitalismo e o socialismo.
Essa guerra fria gerou durante anos muitos acordos, tratados e apoio estabelecendo um clima de competição, entre as duas superpotências. Estas que se rivalizaram em poder militar e econômico, procurando ultrapassar um ao outro. Os Estados Unidos combatiam o avanço do socialismo. A União Soviética procurava dificultar a expansão americana na formação de áreas de influências, além de difundir o socialismo.
Posteriormente, as superpotências passaram a dispor da bomba de hidrogênio. Sabiam que numa guerra nuclear não haveria vencidos nem vencedores. Essa realidade criou um novo equilíbrio, o equilíbrio de terror.
Em 1956 os Estados Unidos reconheceram as áreas de influência da União Soviética, fato que marcou o declínio da Guerra Fria. Contudo, não terminaram as disputas entre as duas superpotências.
Tanto a OTAN tratado criado pelos capitalistas, quanto o Pacto de Varsóvia criado pelos socialistas constituíram, alianças militares que se opuseram. Esses tratados são resultados da disputa entre as duas superpotências e seus aliados pela preservação de seus interesses no mundo. O mundo pós-guerra formou um sistema de dependência nas quais as duas superpotências tornaram-se os países centrais.
E muitas disputas ocorrem entre essas duas potências ao longo dos anos. Porém a União Soviética começa a perder campo, primeiramente em 1991 e dissolvido o Pacto de Varsóvia e em 21 de dezembro de 1991, a URSS deixou formalmente de existir. Onze das doze repúblicas que permaneceram concordaram em criar a chamada Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Gorbatchov renunciou em 25 de dezembro e no dia seguinte o Parlamento soviético proclamou a dissolução da URSS. No momento os Estados Unidos lidera a economia Mundial predominando assim o sistema capitalista neoliberal, que por causa da grande crise no sistema capitalista de 2008 entrou em cheque tal sistema financeiro. Contudo, por causa da grande doutrinação do sistema de mercado a esperança em erguer tal doutrina é mais esperançoso do que uma proposta de mudança.
O constante confronto das duas superpotências que emergiram da segunda guerra na chamada Guerra Fria, formou o mais longo desentendimento político do século XX, foi uma guerra bem peculiar, onde o que contava era mais a vontade de lutar do que a luta propriamente dita. Contudo sempre existia o perigo da terceira guerra mundial, principalmente pela indecisão de paises que não queriam tomar partido. “Os dois lados viram-se assim comprometidos com uma insana corrida armamentista para a mútua destruição, e com o tipo de generais e intelectuais nucleares cuja profissão exigia que não percebessem essa insanidade.”
Concluindo, embora a União Soviética tenha saído fortalecida da segunda grande guerra os EUA articulou de forma violenta essa situação. Ambos os países transformaram essa rivalidade em um problema ideológico mundial. Porém a grande questão: porque a guerra fria emergiu? Não será fácil respondê-la de forma sucinta, pois as grandes vozes regentes desse embate levava em consideração mais o orgulho nacionalista do que o bem comum, ambos lutaram com afinco para estabelecer o seu sistema de governo, sendo assim, o grande problema da emersão da guerra fria foi o orgulho ferido, mesmo que tal acontecimento tenha se situado no apogeu da 'Era de Ouro'.

O QUE É APRENDER?

Sempre nos perguntamos sobre a importância do processo de aprendizagem. Como deve ser a relação entre professor e aluno e onde deve ser o melhor local para esse processo? Primordialmente devemos delimitar a definição de aprendizagem para compreender cabalmente as dúvidas do professor e também dos alunos acerca da produção do conhecimento.

Segundo Abbagnano em seu clássico Dicionário de Filosofia a aprendizagem pura e simples é a aquizição de conhecimento de uma tecnica qualquer, simbólica, emotiva ou de comportamento, ou seja, mudança nas respostas de um organismo ao ambiente. Poetizando um pouco mais, gosto dos argumentos de um filósofo norte americano que afirma que aprender não é responder as perguntas e sim questionar as respostas. Quando pensamos em processo de ensino e aprendizagem pensamos absolutamente em uma escola tradicional, com salas de aulas, quadro e giz, professor, tarefas, deveres, provas, aprovações, reprovaçoes, discursos e consciencia moral e social, mas esse é apenas um dos inúmeros ambientes em que a aprendizagem é desenvolvida.

Uma das maiores dificuldades que possuem os professores é tentar fazer com que os alunos aprendam pelo prazer de aprender, mas de onde vem essa resistência? Como conscientizar os alunos do benefício em que o novo pode trazer na vida de cada um? Aprendemos o tempo todo, mas não damos a esses conhecimentos as devidas valorizações. Vemos a escola como o templo do saber e ao professor como um sacerdote portador da verdade, contudo, essa forma limitada de informações transforma o aluno portador da realidade de seu próprio mundo em apenas um repetidor de ideias e mais um que aprendeu a resolver exercícios. O professor que deveria ser um provocador de ideias, torna-se apenas um transmissor de conteúdos.

Mas em uma coisa todos concordamos, nunca encontraremos a formula mágica desse processo- ensino aprendizage- pois, as coisas mudam com o tempo, inclusive nossa visão de mundo e de educação.